Fonte: ComputerWorld
O mercado de ferramentas de business intelligence (BI) passou por um período de forte consolidação há alguns anos. SAP, IBM e Oracle foram às compras e levaram nomes de peso desse segmento. Algumas empresas permaneceram independentes e outras surgiram nessa toada - até para atender novas demandas. Uma das que se manteve independente e firme na disputa é a MicroStrategy.
A companhia, que faturou US$ 576 milhões em 2014, até então mantinha foco em aplicações corporativas. Agora, está mudando bastante sua estratégia de olho nas empresas de menor porte e nos departamentos que queiram conduzir implantações independentes da sua área de TI .
A provedora lançou uma nova versão, mais adequada a implementações departamentais e passível de ser adquirida em modelo “self service”, que combina recursos analíticos, mobilidade e segurança em uma plataforma integrada. Apesar de não ser explícito, o movimento mira o avanço de novos players, como Qlik e Tableau.
O plano da fabricante também considera a expansão de seu ecossistema de parceiros. A estratégia considera, por exemplo, a nomeação de um distribuidor para ajudá-la a abrir novas linhas de negócios.
Cynthia Bianco, presidente da MicroStrategy no País, respondeu algumas perguntas de Computerworld Brasil. Na entrevista a seguir, a executiva apresenta um pouco do momento da empresa, explica razões que levaram a companhia a seguir um novo caminho e como revela planos, objetivos e expectativas no mercado local.
Computerworld Brasil – O que representa esse novo posicionamento na prática e essa nova ferramenta?
Cynthia Bianco – Com esta nova versão, conseguiremos oferecer para os clientes os dois pilares, ou seja, permitir que ele tenha uma visão unificada e, ao mesmo tempo, dar agilidade para fazer suas próprias análises (self-service). Essa abordagem nos permitirá abrir portas em empresas menores ou departamentos que queiram conduzir implantações independentes da sua área de TI, só que com toda a capacidade de integrar-se a qualquer momento a um ambiente mais completo, migrando tudo o que criou quando a operação era departamental, sem perder nada. E também com o diferencial da mobilidade com uma abordagem mais forte do ponto de vista de gerenciamento de identidade e segurança que os demais players que estão há mais tempo no mercado.
Computerworld Brasil – De que maneira isso muda o modelo de operação da MicroStrategy no Brasil?
Computerworld Brasil – Que outros reflexos a empresa espera que essa estratégia traga à operação local?Cynthia – Até então, só tinham acesso ao software clientes corporativos, pois tínhamos a possibilidade de vender exclusivamente uma solução corporativa. Estávamos em uma só ponta do processo. Hoje conseguimos nos dois mundos, nas duas pontas. Essa diversificação nos permitirá chegar a pessoas físicas e jurídicas (de todos os tamanhos). Embora a operação continue a mesma, passamos a atuar também com canais e distribuidores que nos ajudam a penetrar em todas as camadas. Para se ter uma ideia o licenciamento do software na versão stand alone custará US$ 600, facilitando a penetração departamental.
Cynthia – Antes, por mais simples que fosse, a utilização da nossa solução ainda demandava um servidor ou um ambiente para que ela rodasse. Hoje, já conseguimos entregar a nossa solução para aplicações bem simples, capaz de rodar em qualquer máquina. Essa diversificação nos permitirá ingressar em pequenas e médias empresas e até usuários finais, ampliando consideravelmente as oportunidades em um mercado que não explorávamos.
Computerworld Brasil – De que forma isso endereça o avanço de concorrentes como Qlik e Tableau?
Cynthia – Esse novo posicionamento vem, na verdade, para atender uma demanda de nossos clientes e para adequar-se a uma tendência. Estávamos sendo questionados e até cobrados por uma solução que pudesse atender os departamentos, mas que, ao mesmo tempo, tivesse funcionalidades que permitissem utilizá-la também no momento em que fosse necessário sofisticar um pouco mais e trabalhar uma aplicação mais complexa, com maior volume de dados, big data, acessando dados provenientes das redes sociais e do Google Analytics, e que se transformasse em uma aplicação mais corporativa, com governança e mobilidade. A nossa solução de self-service, diferentemente dos outros concorrentes, também permite fazer qualidade de dados e normatização de padrões atendendo pedidos de nossos clientes.
Essa tendência analítica das pessoas quererem saber o que está acontecendo em suas operações é mais forte por conta da chegada dos dispositivos móveis, assim como aumentou o número de pessoas que estão se aprofundando na utilização da tecnologia. Qualquer pessoa que tenha um smartphone e uma planilha com suas informações pode querer fazer as suas próprias análises para tomar as decisões relacionados aos seus negócios. E isso virou moda. Percebemos que essa tendência, assim como a mobilidade, veio para ficar e como somos a única empresa de BI corporativo remanescente das aquisições resolvemos nos adaptar também para atender a esse mercado.
Computerworld Brasil – Que tipo de ambição a companhia tem em termos de clientes departamentais?
Cynthia – Nossa ambição é que o BI esteja em qualquer lugar e se transforme em algo como o Office. Queremos tornar o BI acessível a todos e garantir que todas as pessoas tenham a possibilidade de fazer análises utilizando as informações que possuem, em planilhas Excel. A ideia é que qualquer departamento tenha o BI sem fazer qualquer treinamento e sem tratamento prévio de dados. Além de trazê-lo para a tomada de decisão real time, ou seja, deixar de ser aquele BI com informação do passado, para ser aquele BI que pode trazer uma informação tão valiosa a tempo de salvar seu dia.
Outro diferencial dessa nova versão e que vem de encontro a isso e que merece ser ressaltado é que mesmo as pequenas implementações podem contar com duas inovadoras funcionalidades: a possibilidade de normatizar e trazer qualidade para os dados, criando regras e aplicando para criar um elemento único (exemplo: padronizar todas as ocorrências da palavra “São Paulo” com a mesma grafia, para que ele possa ser enxergada como um elemento único no momento da análise). Isso enriquece a qualidade dos dados. Além de permitir sintetizar a visão (exemplo, escolher que quero ver dados por mês e não por dia/data).
Computerworld Brasil – Quanto essa postura deve representar (%) dos resultados locais da companhia ainda esse ano?
Cynthia – Não podemos divulgar dados locais. Mas a nossa expectativa é aumentar em 20% as nossas vendas locais nos próximos seis meses.
Computerworld Brasil – Qual o potencial de representatividade nos números locais no longo prazo?
Cynthia – Diante da abertura de um novo e amplo mercado, o potencial é imenso. Temos chances de dobrar os números. Nossa penetração e capacidade de atuação são muito mais abrangentes face a esse novo nicho (que é bastante amplo no Brasil hoje). Qualquer departamento, qualquer usuário final, pequena ou média empresa pode usar nossa solução.
Computerworld Brasil – Como será essa questão de trabalho com parceiros? Quantos parceiros a empresa tem no Brasil atualmente e qual a meta?
Cynthia – Temos atualmente 17 parceiros. Em 2016, reavaliaremos a estratégia de canal no país. Mas adianto que temos por objetivo buscar parceiros e até um distribuidor capazes de nos ajudar a entrar especificamente nesse mercado. Como estamos há muito tempo no Brasil e temos como meta manter a nossa qualidade de atendimento, não temos um número fechado de parceiros que pretendemos atingir. Mas podemos dizer que buscamos empresas interessadas, com perfil até mais consultivo, e dispostas a cumprir nossas metas de entrega e qualidade. Vamos focar principalmente nas regiões nas quais não temos escritórios.
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