[OUTRO LADO] As falsas promessas do Business Intelligence

Fonte: ComputerWorld

Há que colocar os dados nas mãos dos que deles precisam, para proporcionar uma maior inteligência a todas as pessoas, diz Sylvain Pavlowski, vice-presidente de Vendas na Europa da Information Builders.
Sylvain Pavlowski - vice-presidente de Vendas na Europa da Information BuildersToda a gente pensava que o Business Intelligence (BI) iria arrasar no mundo dos negócios. Muitas pessoas acreditavam que as suas empresas se transformariam estrategicamente, o que lhes permitiria poder tomar melhores decisões e aumentar a sua rentabilidade. No entanto, há que se dizer que, infelizmente, isto não tem sido assim.
O BI tem sido desenvolvido e utilizado durante os últimos 20 anos, mas a realidade é que muitos poucos profissionais dentro das empresas puderam tirar verdadeiro partido desta tecnologia. Nestas duas décadas, o principal obstáculo enfrentado pelo nosso setor tem sido o seu baixo nível de adoção dentro das próprias organizações, que se têm visto incapazes de democratizar o seu uso. De facto, a Gartner reconheceu que, durante este tempo, menos de 30% dos seus potenciais utilizadores estão a utilizá-las realmente.
Considero que as soluções tradicionais de BI não estão a colher o êxito que deveriam porque, em primeiro lugar, exigem processos árduos de implementação. Dada a proliferação dos sistemas de CRM, assim como de programas de negócio utilizados em todos e cada um dos departamentos, torna-se evidente a complexidade inerente à consolidação de tal quantidade de dados e fontes relacionadas.
Dentro das próprias organizações emergem imensos silos de informação, devido ao grande volume de ativos de dados com os quais trabalham os diferentes departamentos. Isto provocou um salto em muitas empresas a partir da visão de 360 graus proporcionada pelas ferramentas de BI até ao caos produzido pela dependência do Excel.
As consequências da utilização do Excel
Porquê o Excel? O BI tradicional é estático e os utilizadores finais vêem-se obrigados a debater-se entre os relatórios de visão estática e o desejo de desenvolverem as suas próprias análises. Até mesmo as novas ferramentas de visualização de dados que estão a surgir padecem, ocasionalmente, dos mesmos problemas.
As soluções clássicas de inteligência de negócios têm sido consideradas, habitualmente, complexas a partir da perspetiva da implementação e da integração – os trabalhadores normalmente não querem envolver os departamentos de TI nas suas tarefas de BI. Para evitar possíveis dissabores, os utilizadores costumam recorrer ao Excel, ferramenta que, pelo menos em parte, estão habituados a terem sob controlo.
Folha de cálculo após folha de cálculo, oscilando de um departamento para outro sem nenhuma política de controlo que a coesão, termina por degenerar num buraco negro repleto de informação inexata. No entanto, felizmente, estamos a observar uma nova aproximação ao BI, de dia para dia mais alargada, na qual o self-service, o consumo massivo de dados e a facilidade de acesso começam a ter protagonismo.
Para transformar estrategicamente a sua empresa em plena era de Big Data, é necessário transformá-la numa organização baseada na analítica e naquilo que ditam os dados que manuseia, e depositar inteligência nas mãos de todos os seus colaboradores.
Os benefícios que uma empresa pode obter se analisar corretamente os seus dados são os seguintes: redução de custos, capacidade para encontrar e tirar partido de novas vias de receitas, alcançar um maior retorno do investimento, aumentar a produtividade dos seus colaboradores, compreender melhor as necessidades dos seus clientes… Mas só se pode alcançar este modelo de negócio se todas as pessoas souberem utilizar os dados – recordemos uma vez mais que 70% a 80% dos utilizadores não empregam atualmente esta tecnologia.
Como gerar inteligência para todas as pessoas?
Estas são as áreas a considerar:
1. Monetização da informação: os dados são o principal ativo
A monetização dos dados pode ajudá-lo a gerar novas fontes de receitas se conseguir melhorar o acesso aos mesmos. Por exemplo, aquele banco que consiga desenvolver perfis ajustados dos seus clientes poderá identificar melhores oportunidades de “up-selling” e“cross-selling” e, por conseguinte, identificar proactivamente as necessidades dos seus clientes e melhorar a sua fidelização.
Para transformar o seu negócio de forma estratégica, é necessário avaliar a importância de ter em conta os dados em tempo real e proporcionar informação, seja em que dispositivo for, a todos os utilizadores relevantes e de confiança. Também é fundamental adicionar contexto para enriquecer o valor da informação e desfazer-se dos silos operacionais para se assegurar de que todos os dados são fiáveis.
2. Eliminar os silos para aumentar a agilidade dos negócios
Terão de ser criados processos mais eficientes. Aproveite os dados disponíveis nos seus CRMs, ERPs e programas de marketing para evitar os estragos geralmente provocados pelo Excel. Isto permitir-lhe-á ligar os seus Big Data e geri-los, correlacioná-los e padronizá-los de forma integrada para tomar melhores decisões com base em dados mais precisos.
Coloque esta informação nas mãos dos seus funcionários e não apenas das cúpulas diretivas e dos empregados mais qualificados. As plataformas modernas de BI permitem-lhe proporcionar a todos os utilizadores os dados que precisam, independentemente do departamento em que se encontrem.
3. A ascensão do novo consumidor de informação
Adapte o seu negócio ao consumo de dados dos nativos digitais. Existe uma grande diferença na forma em que consumimos informação hoje em dia e há 20 anos. Por exemplo, recebemos continuamente atualizações sobre notícias (“feeds”), assim como modificações nos estados dos nossos contactos nas redes sociais. Replique toda esta informação com tecnologias analíticas e proporcione aos seus colaboradores aplicações fáceis de utilizar, com instantâneos que contenham informação altamente relevante.
Em resumo, a realidade é que os dados podem ser transformados num campo minado para as empresas, que irão enfrentar uma revolução constante marcada por fenómenos como o Big Data ou a mobilidade dos seus colaboradores.
Creio que se situarmos os dados nas mãos daqueles que deles precisam – proporcionando-lhes inteligência -, as organizações poderão chegar a ser mais eficientes em matéria de custos, assim como mais rentáveis e competitivas. A chave reside em transformar estrategicamente os negócios para proporcionar inteligência para todas as pessoas.


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Sobre Grimaldo Oliveira

Mestre pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) no Curso de Mestrado Profissional Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação (GESTEC) com o projeto “GESMOODLE – Ferramenta de acompanhamento do aluno de graduação, no ambiente virtual de aprendizagem(MOODLE), no contexto da UNEB“. Possui também Especialização em Análise de Sistemas pela Faculdade Visconde de Cairu e Bacharelado em Estatística pela Universidade Federal da Bahia. Atua profissionalmente como consultor há mais de 15 anos nas áreas de Data Warehouse, Mineração de Dados, Ferramentas de Tomada de Decisão e Estatística. Atualmente é editor do blog BI com Vatapá. Livro: BI COMO DEVE SER - www.bicomodeveser.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...

Não há como questionar essas observações, Grimaldo, você está coberto de razão. Soluções de BI (não gosto de falar "o BI" - cada caso é um caso) têm enorme potencial, mas parece que ninguém consegue realizá-los. E porquê? Na minha interpretação dos fatos, estamos nesse cenário porque os fornecedores de ferramenta vendem coisas que não existem. Veja o seu tópico 2, eliminar silos, e compare isso com Data Discovery, BI Self-Service e essas modas atuais. São coisas incompatíveis você dar acesso aos dados sem derrubar as paredes entre eles! Mas os consumidores querem ouvir que não precisam de DW, que dá para fazer tudo in memory. Os clientes querem soluções mágicas. Os fornecedores aproveitam essa janela e vendem software e hardware que não resolvem porque... mágica não existe!

BI COM VATAPÁ disse...

Corroboro com seu comentário, mágica não existe e sim muito trabalho. Trabalho com Bi desde 2004 e nunca vi nada fácil.