[CARREIRA] Procuram-se profissionais habilitados para a era de analytics


Fonte: ComputerWorld



Já faz algum tempo que as empresas entenderam que para gerar diferencial competitivo precisam ir muito além da fórmula produto + reter clientes. Agora, elas devem gerar insights a partir de dados e entendê-los, ingredientes secretos da nova era. Apesar do consenso, desafios bateram à porta: encontrar talentos com capacidade de pilotar tecnologias de analytics e extrair valor delas.
“Os empregadores querem funcionários analíticos, que trabalhem na resolução de problemas e que atuem como verdadeiros parceiros de negócios. Nesse sentido, existe um grande aquecimento em posições que geram venda e receita, como aquelas ligadas a business intelligence (BI), big data e transformação digital”, alerta o Guia Salarial da Robert Half 2018.
O cenário fez com que a demanda por profissionais de analytics e big data saltasse exponencialmente nos últimos tempos e o salário também. No Brasil, o Guia Salarial da Robert Half indica que um analista em BI ganha de R$ 4,5 mil a R$ 11 mil e um especialista de BI entre R$ 10 mil e R$ 16,5 mil. Já um analista entre R$ 5,5 mil e 12,5 mil e um especialista em big data recebe entre R$ 12 mil e R$ 22 mil.
“A área de data analytics, seja voltada para governança de TI ou BI, tem aumentado seu grau de importância nas empresas. Isso porque, há companhias que atravessam um momento de expansão da marca (exposição/entrada em novos mercados); enquanto outras estão preocupadas com a segurança, a integridade e o tratamento de seus dados”, acredita Mariana Horno, gerente sênior de Recrutamento da Robert Half. 
Maria Alice Mendes, sênior associate da Korn Ferry, alerta, no entanto, que encontrar esse talento é como achar agulha no palheiro. “Quando se fala de analytcis, é importante que essa pessoa tenha vivência, de fato, com grandes bases de dados, mas na prática poucos têm”, revela.
O partner da Havik, Daniel De Paiva, segue a mesma linha de pensamento de Maria Alice e acrescenta que as empresas se deparam com uma curva de aprendizado longa desses talentos, que conflita diretamente com a urgência de avanço em atividades ligadas às áreas envolvidas. “Geralmente, então, elas optam por contratar profissionais que possam ser multiplicadores”, assinala ele.
Como recrutar esses talentos?
De Paiva aponta que a Havik identifica que em muitas situações as empresas têm certa distorção quanto ao que um analítico pode fazer. “Dessa forma, ajustamos o perfil”, conta ele. Já na People Oriented, Felipe Duarte, head de IT & Digital da empresa, destaca que o segredo está em entender o problema a ser resolvido pelo talento e depois a People busca um profissional em linha.
Quando busca talentos para essa área, a Robert Half procura por profissionais que possam atuar em ambientes caóticos ou mais desestruturados, entendendo toda a estrutura e identificando pontos de melhoria e as ações que devem ser mantidas. “Identificamos se a pessoa tem conhecimentos de análise de mercado, tratamento de dados, fluxo de processos e informações e, dependendo da senioridade do cargo e da estrutura da empresa, gestão de pessoas”, comenta Mariana.
Competências necessárias
Para conquistar uma cadeira de analytics, empresas estão buscando muita mais do que talentos com capacidades técnicas adequadas. “Os profissionais desse nicho, tanto técnicos quanto executivos, precisam ter visão de negócios para gerar aplicação prática dos dados, ser inovador, para pensar fora do modelo atual e buscar melhores soluções e aplicações”, diz Duarte, da People Oriented.
Ele acrescenta que é necessário ainda ser capaz de estruturar problemas, dados e tratá-los, orientados à resultados, pois dados inúteis não têm valor. Além disso, é recomendável ser hands on para ser capaz de desempenhar todas as análises e modelagens necessárias. “No caso do executivo, adiciona-se liderança como competência fundamental para direcionar e inspirar o time nas estratégias elaboradas”, alerta.
Mariana soma à lista boa comunicação, ser integrador de áreas e didático para explicar questões técnicas de forma clara e concisa. Já Maria Alice ressalta que além da forte capacidade de análise, é preciso ter perfil de consultor. “Ou seja, tem de ajudar na tomada de decisões-chave”, observa ela.
Desenvolvimento interno
Com a falta de talentos no mercado, muitas empresas estão optando por desenvolver profissionais dentro de casa. De Paiva, da Havik, avisa que, apesar de boa intenção, essa solução pode ser desafiadora. “O aprendizado longo conflita com a urgência do avanço em atividades ligadas às áreas envolvidas.”
Duarte indica que investimento em treinamentos especializados e extensões acadêmicas são muito comuns em organizações que veem valor nestes profissionais e sabem que com talentos as áreas geram resultados muito superiores ao investimento realizado. “Entretanto, é sabido que muitos profissionais que já possuem experiência no tema, acabam sendo fortemente assediados por outras organizações porque querem ter um profissional pronto no primeiro minuto de jogo”, assinala.
Recomendações
Para quem quer seguir carreira na área, os especialistas entrevistados pela reportagem listam algumas recomendações importantes. Confira a seguir.
“É importante que o profissional entenda sua aptidão com processos densos e detalhistas. E, além disso, ter capacidade de exercer funções com profundidade de informações e que demandem alta concentração e foco. Com base nisso, é vital buscar sempre formações em entidades reconhecidas pela seriedade e que proporcionem reais condições de atuação nessa função. Outro ponto relevante é a troca de informações com profissionais já experientes, com vivencia comprovada em projetos e processos não só de sucesso, mas os de insucesso também. Aprende-se muito com quem já trilhou o caminho das tentativas.” - Daniel De Paiva, partner da Havik
“Esses profissionais tendem a ter formações multidisciplinares, mas sempre integrando matemática, ciência da computação e estatística com conhecimento de negócios, como marketing, finanças e administração. A além das graduações, eles são mais valorizados quando possuem extensões como pós-graduação/MBA e muito mais ainda quando possuem Mestrado e Doutorado em áreas correlatas. E será muito bem visto pelo mercado, se construir uma base de conhecimento sólida, alinhada à visão de negócios e à capacidade de enxergar tecnologia de forma ampla, incluindo infraestrutura, aplicações e arquiteturas.” - Felipe Duarte, head de IT & Digital da People Oriented
“Pessoas que gostam de entender o macro para atuar no micro, geralmente, se saem bem. A capacidade analítica é de extrema importância e a perícia deve ser feita de maneira minuciosa. É necessário ainda entender não apenas os processos, mas também o negócio da empresa, o momento pelo qual ela passa e os planos para o futuro.” - Mariana Horno, gerente sênior de recrutamento da Robert Half
“Busque expertise no tema. Do ponto de vista técnico, entenda onde estão as melhores escolas para isso. Se você já tem a base técnica, desenvolva, então, o lado de gestão, que também é crítico para a função. Não se esqueça, contudo, de desenvolvedor o lado do comportamento. Há uma máxima que diz que a pessoa é contratada pelas competências técnicas e demitida pelas comportamentais.” Maria Alice Mendes, senior associate da Korn Ferry


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Sobre Grimaldo Oliveira

Mestre pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) no Curso de Mestrado Profissional Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação (GESTEC) com o projeto “GESMOODLE – Ferramenta de acompanhamento do aluno de graduação, no ambiente virtual de aprendizagem(MOODLE), no contexto da UNEB“. Possui também Especialização em Análise de Sistemas pela Faculdade Visconde de Cairu e Bacharelado em Estatística pela Universidade Federal da Bahia. Atua profissionalmente como consultor há mais de 15 anos nas áreas de Data Warehouse, Mineração de Dados, Ferramentas de Tomada de Decisão e Estatística. Atualmente é editor do blog BI com Vatapá. Livro: BI COMO DEVE SER - www.bicomodeveser.com.br

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