Fonte: CIO
Escrevo este artigo na genuína intenção de apoiar nossas organizações a se tornarem realmente orientada a dados. Após muito tempo de trabalho e pesquisas, faço aqui a proposição de um novo papel no mundo da gestão de dados, pois acredito que buscar inovar e trocar experiências são duas grandes alavancas para o sucesso das empresas. Depois de mais de 30 anos atuando na área de Gestão de Dados e mais de dez anos como coach, descobri finalmente o termo que mais se ajusta ao papel que venho exercendo no segmento de dados desde 2012:
Enterprise Data Coach!
Sim, hoje início de 2019, proponho a adoção desse papel nas organizações.
Como profissional que atua em gestão de dados e coach de vida (foco em carreira) afirmo, principalmente para aqueles que não apreciam o coaching, que um bom trabalho de coaching funciona e funciona muito, tanto para indivíduos como para equipes. Além disso, a utilização do termo coach para designar certos papeis é, em minha visão, extremamente salutar, pois confere identidade organizacional, e quando bem divulgado evita confusões e fortalece processos de mudanças.
Como também atuo no mundo da agilidade, pude constatar como os papéis do Agile Coach e do Enterprise Agile Coach foram, e continuam sendo, excelentes para o desenvolvimento da Cultura Ágil. O termo coach diferencia bem esses papéis do papel de um Scrum Master, por exemplo.
Assim, para coisas novas prefiro uma nova terminologia.
DBAs, ADs, cientistas de dados, curadores de dados, entre outros, são importantíssimos para garantir a qualidade e o uso estratégico dos dados. Porém, para que isso tenha real sucesso é necessário a disseminação de uma cultura de dados que apoie a formação de um mindset corporativo, no qual as pessoas gostem de trabalhar orientadas a dados, valorizem o dado e se preocupem com a sua qualidade. Somente com essa cultura é que as iniciativas de gestão de dados, em toda a sua abrangência, serão entendidas e apoiadas de forma expressiva. Somente com essa cultura o uso dos dados será potencializado, principalmente no processo de tomada de decisão, pois o “achismo” ainda persiste em várias empresas.
- Caldo, então os DBAs, ADs, cientistas de dados e curadores de dados devem ser os grandes disseminadores dessa cultura?
Claro que todos esses profissionais (e outros), pelo próprio exercício das suas atividades, apoiam na disseminação da cultura de dados. Porém, não são experts em lidar com pessoas e suas crenças limitantes e tampouco possuem técnicas para exercer, por meio de ferramentas adequadas, a positiva persuasão e influência para que as pessoas reconheçam o real valor dos dados e o seu potencial de exploração. Em resumo: geralmente esses profissionais não possuem o perfil ideal de um agente de mudanças, mormente no âmbito corporativo.
É justamente para alavancar essa cultura de dados para toda a organização que entra em cena o Enterprise Data Coach. Afinal, aqui estamos falando de cultura e consequentemente muito mais sobre pessoas do que tecnologias e processos. E quando falamos de pessoas, entramos em uma seara da qual o coach conhece muito bem.
O Enterprise Data Coach como agente de mudança
Assim, defino o papel do Enterprise Data Coach:
“Papel que exige bons conhecimentos sobre o mundo dos dados, sobre o negócio e de ferramentas de coaching e que ajuda a organização a criar uma cultura de dados enraizada em sua cultura organizacional. Dessa forma promove a mudança de mentalidade necessária para o sucesso na utilização do dado como um diferencial estratégico e competitivo, alicerçando o processo de tomada de decisões em todos os níveis.”
Um Enterprise Data Coach não necessita ser um especialista em alguma área específica da gestão de dados, mas deve ter os conhecimentos suficientes sobre os principais processos e tecnologias em gestão de dados, processos de negócio e ferramentas e técnicas de coaching para poder disseminar a cultura de dados na organização. Quando digo suficientes, significa deve possuir bons conhecimentos sobre governança de dados, big data, ciência de dados e outros, mas sem a profundidade de um especialista; seu papel é promover a cultura e não elaborar scripts de bancos de dados, algoritmos, arquiteturas etc.
Alguns exemplos de responsabilidades que proponho para um Enterprise Data Coach:
• Ministrar palestras e treinamentos para toda a organização visando disseminar a Cultura de Dados e a consequente valorização do dado como um valioso ativo da empresa; • Apoiar as áreas de negócios no entendimento das tecnologias existentes, no que tange a utilização dos dados, para auxiliá-las no processo de tomada de decisão, estimulando assim a orientação a dados; • Conscientizar todos na empresa sobre a importância da governança de dados, citando benefícios reais que esse programa traz, por exemplo na esfera da garantia da qualidade dos dados e na garantia da conformidade dos dados (para ilustrar a importância de se promover esta consciência lembramos, por exemplo a LGPD - Lei Geral de Proteção de Dados - Lei 13.709/2018 / MP Nº 869, pois todos deverão entender e estarem engajados neste processo de conformidade). • Apoiar a organização a romper os silos que impedem a colaboração e a maximização do uso dos dados. • Apoiar cientistas de dados a contar histórias de dados que sejam claras e assertivas. Afinal, no arsenal de ferramentas de um coach estão também as técnicas de PNL - programação neurolinguística – que são excelentes no uso da linguagem, explorando com maestria os canais de percepção visual, auditivo e cinestésico (sensação).
Claro que são somente alguns exemplos, mas percebam que o Enterprise Data Coach, devido a possuir conhecimentos de gestão de dados, de negócio e competências para lidar com pessoas e ajuda-las a eliminar crenças limitantes e alcançar objetivos, pode realizar atividades variadas e fundamentais para alavancar a cultura de dados em uma organização.
Enfim, o Enterprise Data Coach pode se tornar um grande agente de mudanças e que auxiliará muito na promoção da orientação a dados.
Como disse no início minha intenção neste artigo foi propor a criação de um novo papel na gestão de dados para auxiliar organizações a se tornarem orientadas a dados.
Neste ponto, o amigo leitor, pode estar se perguntando?
- Quais competências necessárias para atuar como um Enterprise Data Coach? Quem poderia exercer esse papel?
Onde ficaria o Enterprise Data Coach?
Nos próximos artigos abordarei essas questões.
*Carlos Caldo é sócio-fundador da Carlos Caldo Des. Pessoal e Profissional. Possuí mais de 30 anos de experiência na área de TI. Apaixonado por pessoas e dados, foi um dos pioneiros na introdução da Administração de Dados no Brasil. Como consultor e instrutor já atendeu mais de 70 empresas diferentes nos últimos anos, dentre as quais podemos destacar: Itaú Unibanco, Petrobras, Bradesco, COAMO, BNDES, Santander, Banco do Brasil, SERPRO, entre outras. É Coach com certificação internacional pela Sociedade Latino Americana de Coaching e Master Practitioner em PNL.
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