[ANALYTICS] Resultados até a linha de chegada: O legado da Rio 2016 para o Big Data


Fonte:Computerworld



Para os países com recursos mais limitados, uma estratégia de especialização em menos competições pode pagar muitos dividendos. Esta abordagem implica a identificação estratégica de alguns eventos que têm grande significado cultural ou naqueles com menos competição percebida.
Nos últimos anos, os países participantes nos Jogos Olímpicos aceleraram a sua utilização de dados e técnicas de análises avançadas para informar as decisões sobre os esportes e atletas, com o objetivo de acelerar sua subida no pódio.
Com a profundidade de dados já coletada sobre as diversas modalidades esportivas, filmagens, dados de sensores, fontes de inteligência competitiva entre países e outros, os Comitês Olímpicos estão mais bem equipados para tomar decisões informadas sobre a alocação de recursos focada na geração de melhores colocações no quadro de medalhas.
Não há dúvida de que os dados e análises tiveram um impacto desproporcional em esportes e em nenhum lugar isso é mais profundo do que no evento esportivo mais esperado do mundo.
Desde que foi introduzida a análise de dados para os Jogos Olímpicos, é possível perceber o aumento da contagem de medalhas para os países menores e um fechamento do hiato entre as nações e continentes concorrentes.
Além do uso para os Comitês Olímpicos, a cidade-sede pode utilizar o volume massivo de dados coletado sobre temperatura, velocidade de ventos, pressão atmosférica, passageiros transportados, hospedagem em hotéis, consumo em restaurantes, incidências e relatórios de ocorrências em delegacias para otimização de efetivo policial, mobilização e deslocamento de recursos de suporte aos eventos (como bebidas, alimentação, transportes), e diversas outras finalidades referentes à ações táticas e planejamento diário de operação da cidade, que se transforma num evento com esta magnitude.
Quem está competindo se beneficia de dados
Todas as equipes procuram melhorar o seu desempenho desportivo e aumentar suas chances gerais de vitória, por isso estão se voltando para empresas de TI para orientação. Embora o uso da tecnologia no esporte não seja nada novo, o uso de Big Data aumentou significativamente à medida que mais e mais atletas estão se tornando conscientes do potencial da combinação de inteligência e o acompanhamento contínuo de dados para melhorar o desempenho global.
Os Jogos Olímpicos do Rio devem ser os Jogos mais orientados por dados (“data-driven”) da história. Cada aspecto dos Jogos vai depender, em certa medida, de captura de dados. Sensores, rastreadores GPS, monitores de frequência cardíaca, contadores de voltas digitais e óculos inteligentes são apenas algumas das poucas tecnologias que estarão fortemente em destaque.
O uso de sensores nos Jogos Olímpicos é generalizado. Eles desempenham um papel importante na determinação de resultados com uma precisão incrível e eles também são usados durante eventos para registrar a posição exata dos atletas. Por exemplo, os atletas que participam em eventos de ciclismo de estrada estão monitorados por sensores de GPS que enviam dados em tempo real de volta para os repórteres.
Os sensores monitoram também ciclos de sono, níveis de hormônios, deficiências nutricionais, velocidade, frequência cardíaca, níveis de hidratação, ondas cerebrais, temperatura corporal entre muitos outros.
Equipes de vela têm usado tecnologias de Big Data para analisar e acompanhar as correntes exatas da Baía de Guanabara ajudando-os a obter um melhor desempenho e garantir que estão totalmente preparados para os desafios que podem enfrentar.
Atletas britânicos que competem no boxe este ano também estão alavancando técnicas de análise em Big Data, o que lhes permite compreender o seu próprio desempenho, bem como a coleta de dados sobre as táticas e pontos fracos de seus adversários. Isso os ajuda a melhorar o desempenho geral e lhes permite tomar decisões informadas com base em uma riqueza de dados que nunca antes esteve disponível.
Equipes de remo da Inglaterra também estão fazendo a maioria de suas análises com Big Data. Captura de dados sobre os atletas, o seu desempenho e do equipamento podem ajudar a analisar padrões e tendências para determinar treinamento, formação de equipes e como alcançar um melhor desempenho. E isso considerando que são a única equipe do país a ter conseguido medalha de ouro desde as olimpíadas de 1984.
Quem está de fora também alavanca análises
Os esportes são uma fonte infinita de dados com todos os seus rankings, tabelas e condições climáticas e resultados. Durante os Jogos Olímpicos de 2016 no Rio, jornalistas, comentaristas e espectadores estiveram cabeça a cabeça com dados em tempo real. Mas como os resultados e outras métricas chegaram às telas de todas as diferentes partes interessadas?
A resposta a esta questão reside no feed de dados Olímpicos (ODF), a fonte para todos os dados ao vivo (disponível em http://odf.olympictech.org/).
A plataforma é uma espécie de sistema de mensagens, baseado em XML, para enviar informações de esportes a partir do momento em que são geradas a um conjunto de clientes finais. A ideia por trás disso é ter um conjunto unificado de mensagens válidas para todos os esportes e vários sistemas diferentes.
Por enquanto, o ODF não é um portal aberto. Assim como nos Jogos Olímpicos anteriores, está nas mãos do Comitê Olímpico Internacional (COI), que controla os direitos para este megaevento desportivo global. Assim, o COI está no comando e no controle de comunicar os resultados.
O ODF não só oferece dados em tempo real, mas também dados sobre os participantes e regras desportivas. Depois de ter acesso ao ODF, você pode analisar os dados mais atuais bem como os dos antigos Jogos Olímpicos.
Assim, o ODF é a chave quando se trata de análise de dados Olímpicos e não é muita surpresa que não seja de livre acesso para todos; já que a plataforma funciona como um serviço para os parceiros comerciais (como meios de comunicação que cobrem os Jogos Olímpicos por meio de seus próprios canais).
O que vem por aí?
O alcance e o impacto de análises com Big Data não estão mostrando sinais de desaceleração, portanto, em quatro anos devemos ver ainda mais presença destas técnicas na vanguarda tecnológica dos Jogos Olímpicos e outros eventos desportivos. O aumento da Internet das Coisas e comunicação entre dispositivos devem estar fortemente presentes em Tóquio 2020.
Embora os avanços na tecnologia estejam, certamente, abrindo novas possibilidades, devemos nos questionar se a evolução tecnológica não pode, futuramente, tornar a realização humana e o espírito olímpico menos relevantes, favorecendo quem possui mais recursos financeiros para pagar pelas ferramentas mais avançadas.
*Daniel Lázaro é diretor executivo para tecnologias de Analytics da Accenture na América Latina.


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Sobre Grimaldo Oliveira

Mestre pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) no Curso de Mestrado Profissional Gestão e Tecnologias Aplicadas à Educação (GESTEC) com o projeto “GESMOODLE – Ferramenta de acompanhamento do aluno de graduação, no ambiente virtual de aprendizagem(MOODLE), no contexto da UNEB“. Possui também Especialização em Análise de Sistemas pela Faculdade Visconde de Cairu e Bacharelado em Estatística pela Universidade Federal da Bahia. Atua profissionalmente como consultor há mais de 15 anos nas áreas de Data Warehouse, Mineração de Dados, Ferramentas de Tomada de Decisão e Estatística. Atualmente é editor do blog BI com Vatapá. Livro: BI COMO DEVE SER - www.bicomodeveser.com.br

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