Fonte:ComputerWorld
Não é de hoje: há décadas que os dados são usados para a tomada de decisão,
ajudando a resolver problemas e aproveitar oportunidades de maneira mais assertiva,
deixando o “achismo” de lado. Com as evoluções recentes da tecnologia, este foco
nos dados se tornou ainda mais latente.
Se fizermos uma reflexão sobre big data, business analytics, IoT, data science,
machine learning e inteligência artificial, observaremos que todos esses assuntos
têm foco em dados, seja para transformá-los, processá-los, gerá-los ou mesmo
para aprender com eles.
Vemos, de várias fontes, o quanto que essas ferramentas e
conceitos podem apoiar na melhoria da performance organizacional, agilizando
processos e descobrindo informações ao computar uma grande massa de dados. Com
base neste mindset, empresas se transformaram, gigantes do mercado se formaram
e grandes companhias de tecnologia mostraram, como receita de seu
próprio uso,
a adequação necessária ao enfrentamento de um futuro que já está,
cada vez
mais, presente entre nós.
Mas a
pergunta crucial aqui é: por que não podemos levar essa cultura orientada a
dados para além das empresas? Por que não podemos levá-la para a sociedade?
Se
com base nos dados e decisões assertivas, sem espaço para “achismos”,
corporações conseguiram revolucionar seus negócios, por que não podemos
aplicar
isso ao cotidiano geral?
A bem da
verdade, este não é um cenário difícil de ser alcançado, e a tecnologia
é o
caminho para isso. Em um exemplo bem prático, podemos usar a cultura de
dados
para ter uma maior transparência ao lidar com problemas de nossa cidade,
algo
que está mais próximo de nós. Podemos cobrar das organizações públicas a
divulgação de dados abertos (Open Data) atualizados, de fácil acesso e obtenção
pelas empresas e pessoas que busquem utilizá-los, possibilitando assim, a
entrega de uma maior informação aos nossos cidadãos.
O acesso a informações precisas e confiáveis é um caminho sólido de construir
um maior envolvimento, participação e colaboração do cidadão, à medida que este
se sente parte de um sistema maior, do qual ele mesmo pode, ao mesmo tempo,
usufruir, participar e transformar. Porque não incentivar uma competição de startups
para criar aplicações, baseadas em Open Data, com o objetivo de minimizar
problemas em nossa cidade?
No âmbito da política, um assunto que hoje gera divisões e conflitos, muitas vezes
devido a informações e interesses nebulosos, a utilização de dados pode dar a
transparência e segurança ao cidadão para cobrar ações da classe política.
Como votaram? Qual o seu posicionamento sobre projetos importantes? Como é
sua conduta? Quem está sendo processado, pelo quê? São informações que irão
empoderar nossos cidadãos para que assim possam ocorrer decisões,
cobranças e escolhas mais assertivas.
Muitas são as aplicações e informações que podemos obter por uma estratégia
orientada a dados e ela é parte de um ciclo. A obtenção e análise de dados pode
interferir no conhecimento obtido e ela ajudar na elaboração da estratégia, assim
como a estratégia pode partir para uma formulação de medidas e atitudes que
resultem na obtenção de dados.
O importante, porém, não está na ordem em como as coisas acontecem, mas sim
em uma pequena revolução cultural de cada cidadão, que, norteado pela busca de
respostas em dados e fatos, age com o foco na obtenção de resultados que possam
transformar a sociedade de uma forma assertiva. Dados e suas análises, com base
em tecnologia para potencializar tais processos, são a base de uma sociedade
mais produtiva e viável, com menos achismos e mais certezas.
*Roberto Mazzilli é diretor de Relações com Instituições de Ensino do SEPRORGS
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