A turma dos 30 anos pra cima são colecionadores de acrônimos. São tantos que alguém já contabilizou todas as possibilidades com 3 e 4 letras para avaliar se seríamos capazes de armazenar todos as possibilidades que o Marketing desenvolveria.
O tempo passou e parece que os acrônimos perderam espaço. Agora o charmoso não é citar uma tecnologia por uma combinação de letrinhas. Agora a tecnologia tem nome. Mas não existe compromisso entre o nome e a compreensão, ou em muitos casos, não existe compromisso com a entrega ou exequibilidade da promessa. Alguém se lembra da expressão VaporWare da era das .COM no início do ano 2000?
Pois bem, entre a nova centena de novas tecnologia e os posicionamentos impressionantes feitos pelo quadrante mágico do GartnerGroup, uma que tem chamado a atenção é o BigData. Não pela tecnologia propriamente dita mas pelo contexto social. Creio que a última tecnologia que me chamou atenção sobre o possível desdobramento social foi a internet em escala. Na época chamei de a “Utopia da Internet”, onde defendia que a Internet um dia poderia individualizar as expressões populares através do voto direto.
Mas onde o BIGData pode, exatamente, apresentar este desdobramento social? Vamos avaliar o caso através de alguns pontos de vista.
O BIGData, em sua forma mais natural, é veiculado no mundo de negócios como uma tecnologia que proporciona o tratamento em massa de informações. Quando falamos em massa, falamos realmente em uma proposta onde seja possível capturar todos os dados que são gerados hoje por empresas, cidadãos e estado. Faço questão de classificar como Dado e não como informação pois existe um abismo entre estes conceitos nem sempre observados pelos vendedores. Prefiro nem invadir o tema conhecimento para não tornar a discussão ainda mais sem sentido. Voltemos ao ponto:
O Vendedor de BIGData promete a determinada Corporação a captura, tratamento e análise, em alguns casos, deste enorme conjunto de dados. Mostra a ele possibilidade de reagir a problemas de forma quase instantânea. Informa que é possível criar alertas de quebra de planejamento, possibilitando as Corporações reagirem a tempo, mantendo seu planejamento original.
O vendedor de BIGData não está mentindo. A promessa pode se tornar realidade. O nível de maturidade da Corporação, o esforço necessário e o investimento para que todas estas promessas se tornem realidade é um capítulo a parte. Por isso o texto faz referencia a Corporações, pois acredito que as Empresas, ainda não possuam os elementos, principalmente os financeiros, para tornar este desejo uma realidade.
Mas vamos agora explorar outros níveis, partindo do indivíduo, passando pelas micro-empresas, pelas empresas, pelos grupos e chegando nas grandes Corporações. Por outro lado, subindo do indivíduo, passando por municípios, por estados, por nação, continentes, até avaliarmos o contexto conectado de planeta.
Em todos estes níveis geramos um conjunto enorme de dados, que cruzados, avaliados, produzem Informações. Sob esta ótica, a tecnologia do BIGData, em última instância, é a plataforma perfeita para nações passarem a controlar de forma direta ou indireta sua população e aqui podemos começar uma discussão social sobre valores, sobre ética e sobre liberdade.
Snowden, em seu momento de coragem ou de insanidade, brindou a todos nós com a divulgação do que o líder mundial já ousava fazer com acesso a estes dados, fosse de maneira lícita ou ilícita, mas o fato, é que já acontece nos dias atuais.
Se um país onde a Liberdade é um dos pilares sagrados da cultura e da população, e o estado maior entende como seu direito, em nome da segurança nacional, espionar e bisbilhotar o cidadão comum, o que teremos na República das Bananas?
No século da informação e do conhecimento, creio que Snowden ainda será lembrando como um dos nomes, que abriram a discussão de forma mundial desta questão social. E apesar dos esforços isolados de alguns grupos, é notório que o tema não interessa aos Estados por se tratar de um modelo de controle.
No Chile, o cidadão já recebe seu imposto de renda quase pronto do governo em função do acesso as transações econômicas que o Estado possui. Aqui não é muito diferente. Creio que a principal diferença é nossa capacidade ou interesse no cruzamento das informações do cidadão comum.
Mas um dia todo o cidadão estará classificado e monitorado, e neste dia precisaremos de um mutirão de CTRL+ALT+Del para poder limpar a quantidade de barbaridades que líderes, de Repúblicas de Banana como a nossa, serão capazes de cometer, quando passarem a utilizar esta tecnologia para controlar ainda mais as populações. A manipulação de desejos e necessidades ainda é feita na TV, nas campanhas eleitorais, na fome no nordeste mas não invade e retorce o pensamento dos mais preparados. Mas com a manipulação de dados ou através da perseguição digital poderemos estar dando a maior arma que um governo já possuiu. Haja CTRL+ALT+Del.
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