Não se passa um dia sem que o tema Big
Data venha à tona no mercado de tecnologia. Lançamento de produtos,
pontuação de tendência e descobertas antes inimagináveis, com base na
enxurrada de dados gerada pela web, prometem mudar completamente a forma
como CIOs lidam com suas bases de dados e análises extraídas delas. E a
equação que engloba data warehouse tradicional e ambiente
desestruturado, além dos respectivos business intelligence e business
analytics, mudará a forma de trabalho do diretor de tecnologia e sua
equipe.
Especialistas consideram que o BA não
vai matar o BI tradicional, assim como o data warehouse ainda será
necessário para armazenar dados estruturados, com ferramentas de Big
Data fazendo a varredura das informações desestruturadas, que populam na
web e são obtidas em soluções que mensuram a experiência do cliente em
geral.
Como os dados desestruturados se
configuram em produção muito superior aos estruturados – o conteúdo
produzido na internet, segundo o futurista italiano Vito di Bari,
atingirá 5 exabytes por segundo em 2022 –, a tendência é que eles tomem
participação mais volumosa na análise e geração de insights, com os
conteúdos estruturados com menor participação. Mas, de toda a forma, com
a mesma rapidez que são produzidos, tais conteúdos são rapidamente
descartados. Caberá ao CIO e sua equipe compreenderem a estratégia da
empresa para definir o que fica na casa e o que é deixado de lado. “O
foco da medição da relevância da informação tem que mudar. Não pode ser o
dado que eu tenho: mas o dado que eu preciso”, ponderou Marcos
Pichatelli, gerente de produtos de High-Performance Analytics (HPA) do
SAS.
Com a enxurrada de informações, ficou
clara a necessidade da velocidade. E é para necessidades instantâneas
que a computação em memória e um aparato de business analytics são
necessários. “A pergunta que se deve fazer é qual a latência que pode
ser suportada entre a captura da informação e o tempo que usuário quer
analisar. É neste ponto que entram soluções de BI em memória, vision
analytics, cuja ideia é exatamente essa, data match, descarregar todas
as informações numa base de dados – como Map Reduce e Hadoop – para que
a TI apenas capture a informação e passe a disponibilizar nessa
arquitetura. É possível, por exemplo, manipular dois bilhões de
registros em subsegundo”, contou Pichatelli.
Na visão do executivo, o BI tradicional
continuará forte em casos onde o streaming não é necessário, como a
análise de fraude de seguro, que podem esperar um dia, e passar pelo
data warehouse convencional – para gerar as informações. “Mas tem coisas
que vamos analisar em streaming, à medida que chegarem, para criar
análises e gatilhos para a informação. O Big Data não vai matar a
necessidade do BI tradicional. 80% dos usuários de BI dentro da empresa
são muito bem atendidos”, considerou, indicando que a latência de um dia
do processo atual é totalmente aceitável para muitos casos, e possui um
custo menor.
Na avaliação do chefe de pesquisas da
IDC Brasil, Anderson Figueiredo, o BI servirá para casos específicos,
enquanto o BA permitirá uma leitura mais geral da situação. “BI é foto,
BA é filme”, comparou.
Olhar sobre a TI
Figueiredo concorda que neste novo
cenário a computação em memória e appliances que já garantem a
combinação hardware e software se configuram como tendências dentro das
empresas. Mas muito mais do que a forma como são contratadas as
tecnologias, é preciso mudar o olhar sobre a TI.
“Temos que pensar fora da caixa é uma
expressão óbvia. Não temos nem caixa mais. Estamos um momento de pensar
fora dos limites tradicionais que o cara de TI foi treinado a vida
inteira”, disse. Segundo o especialista, o CIO precisará trabalhar com
coisas com as quais ainda não está acostumado, o que gerará atividades
profissionais diferentes. “Será preciso estar atualizado com muito mais
rapidez”, acredita.
De qualquer forma, Figueiredo aconselha
que não há motivo para desespero. “Quando apareceram os PCs, tínhamos
apenas mainframe e todo mundo achava que era impossível jogar o
mainframe dentro do PC… no passado, acreditavam nenhum sistema de
telecomunicações aguentaria o tráfego da internet. A pergunta feita hoje
sobre o futuro do Big Data era feita antes sobre o futuro da internet”,
contextualizou.
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