Fonte: WSJ Americas
Diante do fluxo crescente de dados da internet e outras fontes
eletrônicas, muitas empresas começaram a procurar gerentes que saibam
interpretar os números usando uma prática em expansão: a análise de
dados, também conhecida como inteligência empresarial. Encontrar
candidatos qualificados tem se mostrado difícil, mas as faculdades de
administração esperam conseguir preencher a lacuna de talentos.
Nos próximos meses, várias escolas, como a Faculdade de Pós-Graduação
em Administração da Universidade Fordham e a Faculdade de Administração
Kelley, da Universidade de Indiana, começam a oferecer disciplinas
eletivas, cursos de extensão e mestrados em análise de dados; outros
cursos e programas do tipo foram lançados no ano passado.
A International Business Machines Corp., que desde 2005 já investiu
mais de US$ 14 bilhões para comprar empresas de análise de dados como a
Coremetrics e a Netezza Corp., criou uma parceria com mais de 200
faculdades, incluindo a Fordham, para oferecer treinamento e cursos
nesse segmento.
"Quanto mais estudantes se formam com conhecimento em áreas que damos
importância, melhor não apenas para nossa empresa, mas para as empresas
com as quais trabalhamos", disse Steve Mills, vice-presidente sênior e
executivo do grupo de software e sistemas da IBM. "No fim das contas, o
importante é o que os clientes e compradores realmente precisam."
A análise de dados já foi considerada tarefa de especialistas em
matemática, ciência e tecnologia da informação (TI). Mas diante da
enxurrada de dados da internet e outras fontes, as empresas querem agora
empregados capazes tanto de analisar informações, como também de ajudar
as empresas a resolver problemas e criar estratégias. Um exemplo é a
grife de luxo Elie Tahari Ltd., que usa a análise de dados para examinar
históricos de padrões de compra e prever tendências para a demanda por
roupas. A rede americana de pizzarias Papa Gino's Inc., que atua no
nordeste dos EUA, usa a análise de dados para examinar como as pessoas
usam seu programa de fidelidade e já conseguiu aumentar a média dos
pedidos feitos em seu site.
À medida que o uso da análise de dados cresce rapidamente, as
empresas vão precisar de funcionários que entendam as informações. Um
estudo divulgado em maio pela McKinsey & Co. descobriu que os
Estados Unidos enfrentarão até 2018 uma escassez de 1,5 milhão de
gerentes que saibam usar os dados para orientar as decisões
empresariais.
A XO Communications, uma firma americana de serviços de
telecomunicação entre empresas, quer ampliar sua equipe de análise de
dados, mas não tem conseguido. Trent Taylor, diretor de inteligência de
clientela da XO, disse que não é fácil encontrar alguém que compreenda o
contexto empresarial, e que ao mesmo tempo entenda as estatísticas e
saiba estruturar um projeto. Cris Payne, gerente sênior de inteligência
de consumidores, disse que a XO vai "estudar seriamente" a contratação
de formandos em MBA com essas habilidades.
A Fordham vai oferecer uma disciplina obrigatória de análise de dados
no próximo semestre — Análise de Marketing — para os estudantes de MBA
com foco em marketing. "Tradicionalmente, os estudantes escolhem
marketing porque 'não gostam de matemática'", disse Dawn Lerman,
diretora do Centro de Marketing Positivo da Fordham. Mas hoje em dia,
com tantos dados disponíveis sobre o comportamento do consumidor, "não
dá para se esconder da matemática e das estatísticas e ser um bom
marketeiro".
Lerman disse que a nova turma de MBA terá de aprender a trabalhar com
medidas de marketing relacionadas ao desempenho de uma marca nas lojas e
on-line. A Fordham também planeja lançar um mestrado em Inteligência de
Marketing em 2012.
A Faculdade de Comércio McIntire, da Universidade de Virgínia, está
colaborando há anos com a firma de armazenamento de dados Teradata Corp.
para aumentar a presença da análise de dados no currículo dos
estudantes, disse Barbara Wixom, professora da faculdade e diretora do
mestrado em Administração de TI da McIntire.
A instituição vai lançar nos próximos meses uma especialização
eletiva em análise de dados e também vai começar a colaborar com a IBM.
"O que mudou é o tipo de estudante que deseja essas ferramentas", disse
Wixom. A análise agora é usada nas aulas para marketing e finanças, não
só para TI, disse ela.
"A análise de dados certamente é uma das cinco principais coisas que
[os executivos] se preocupam em investir mais atualmente", disse Scott
Gnau, presidente da Teradata Labs, filial da Teradata. "O setor vai
exigir isso. Os estudantes vão exigir isso."
As consultorias, especialmente as que têm clientes de TI, marketing e
vendas, também precisam de empregados com conhecimento de análise de
dados.
A Deloitte LLP se uniu com a Faculdade de Administração Kelley em
novembro passado, para oferecer uma especialização em análise
empresarial para seus funcionários de nível intermediário. A
especialização tem cursos como Bases da Análise Empresarial e
Visualização e Localização de Dados. A faculdade criou uma
especialização parecida para empregados da Booz Allen Hamilton Inc.
E, a partir de setembro, os estudantes de MBA da Kelley terão a opção de se especializar em análise empresarial.
A Faculdade de Administração Villanova, no estado da Pensilvânia,
está modificando as exigências de graduação para seus candidatos, para
que incluam mais disciplinas de estatística. A instituição começou a
lançar cursos sobre o tema nos últimos anos. A começar com a próxima
turma de calouros, a faculdade vai substituir parte das aulas de cálculo
com estatísticas e adicionar um curso de introdução à Análise
Empresarial.
O Centro de Inteligência de Clientela da Faculdade de Administração
da Universidade Yale oferece aos estudantes a chance de trabalhar em
projetos de análise de dados com várias empresas. Um desses projetos,
para uma firma de software de contabilidade, usou a análise de dados
para avaliar os comentários dos clientes e encontrar indícios de
insatisfação e sugestões de melhorias.
Ivan Dremov, que se formou este ano no MBA da Yale com experiência em
recrutamento de executivos, trabalhou no projeto. Segundo ele, o
treinamento o preparou para realizar tarefas parecidas com as que
desempenha em seu novo emprego, uma firma de consultoria estratégica
sediada em Nova York. "Quando você diz a eles que pode fazer um projeto
de análise de dados usando um software sofisticado, é algo que realmente
prestam atenção", disse ele.
[ESTUDO] MBAs agora preparam 'mineiros de dados'
Reviewed by BI COM VATAPÁ
on
6:00 AM
Rating: 5
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
0 comentários:
Postar um comentário